quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Pesquisador da UFPE visita Buíque e garante que não há motivos para população se preocupar com nova espécie de morcego descoberta recentemente no Vale do Catimbau


A notícia sobre o resultado de uma pesquisa científica, veiculada nos principais meios de comunicação do Estado, sobre a descoberta de uma espécie raríssima de morcego, encontrada em uma das várias cavernas do Vale do Catimbau, vem criando polêmicas e causando medo, especialmente aos moradores próximos ao local da descoberta.

Para esclarecer o assunto e tranquiliza os moradores do município, além de turistas que frequentam as belezas de uma das sete maravilhas de Pernambuco, a secretária de saúde Janice Rodrigues e o vice-prefeito, o médico Dílson Santos, receberam na manhã de hoje, a visita do Professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Enrico Bernard, para prestar esclarecimentos sobre o fato a população. Após uma longa conversar na secretária, o trio participou de uma entrevista na Rádio Buíque FM.


De acordo com o professor da UFPE, existem em todo o mundo, cerca de 1.500 espécies conhecidas de morcego, das quais 180 são encontradas no Brasil, e apenas 3 espécies se alimentam de sangue, sendo que apenas uma delas, essa descoberta no Vale Catimbau, provavelmente se alimenta de sangue humano também.

“Existe uma espécie, que é chamada Morcego Vampiro Comum que é amplamente distribuída no País, e existe também registros desse animal atacando gado, porcos, cavalos e eventualmente humanos. As outras duas espécies de morcegos são bem mais raras e muito pouco estudadas. E essa espécie especificamente que estudamos aqui no Vale do Catimbau, é a mais rara e a menos conhecida das três”. Explicou o professor.

Bernard conta que a espécie foi encontrada em uma caverna que vinha sendo estudada há três anos por pesquisadores da UFPE. No local foi encontrada uma pequena colônia dessa espécie de morcego, que é conhecida popularmente como Morcego Vampiro das Pernas Peludas. O professor disse que o mamífero é raríssimo, e por isso pouco se sabe sobre ele.


“Só para dá uma ideia da raridade dessa espécie, em 20 anos que eu trabalho com morcego, essa foi a primeira vez que vi essa espécie viva na minha frente. Eu nunca tinha visto esse bicho vivo antes, só ví em exemplares de museu”, conta o professor, que tranquilizou a população, lembrando que não há nenhum registro de mordedura de morcego no município, nem tão pouco pessoas procurando os órgãos de saúde, dizendo que foram mordidos por esses mamíferos.

Os pesquisadores coletaram amostras das fezes do animal e após análise em três delas, identificaram a presença de sangue humano. Uma das explicações mais prováveis, é que as presas naturais dessa espécie eram aves de grande porte, que desapareceram da região, e na falta dessas presas, os animais passaram a se alimentar do sangue de galinhas e provavelmente humanos também.

“Isso mostra que essa espécie pode está mudando a sua dieta para se adaptar a um novo cenário. Um cenário onde os animais nativos, dos quais eles se alimentavam, não estão mais presentes na nossa região. Então agora eles estão se alimentando de sangue de galinha, e eventualmente, de sangue humano também”, explica Enrico.

O Professor alerta que não se pode sair por aí matando os morcegos, porque eles prestam serviços ambientais fundamentais para o ser humano, comendo insetos, dispersando sementes de frutos e polinizam flores iguais as abelhas e os beija-flores, ele lembra da importância do Vale do Catimbau na área de pesquisas.

“Hoje o Vale do Catimbau é um dos locais de Pernambuco que mais tem pesquisa científica sendo realizada. A UFPE mantém um núcleo de pesquisa dentro do parque, um programa ecológico, temos dezenas de estudantes e pesquisadores fazendo pesquisas em várias áreas dentro do parque. Temos pesquisas com botânica, com fungos, com aves, com formigas, com mamíferos e com os morcegos”, revelou o professor.


O vice-prefeito Dr. Dílson Santos, reforçou as informações do professor quanto ao medo dos moradores com a nova descoberta. Segundo Dílson, não há motivo alguma para pânico e nem tão pouco receio em visitar o local. Já a secretária de saúde Janice Rodrigues, expressou a preocupação do governo com as notícias que foram veiculadas na mídia, e a necessidade de prestar os devidos esclarecimentos à população.


“Eu e Dr.  Dílson nos preocupamos, conversamos e chegamos à conclusão que precisávamos fazer esse convite ao professor Enrico, para que ele pudesse vir ao município e esclarecer alguns pontos a respeito desse tema, porque vimos que a população ficou um pouco aflita com a situação, e como nós não temos nenhum caso dessa natureza notificado no município, precisávamos que ele viesse aqui e prestasse todos os esclarecimentos sobre essa descoberta”, disse a secretária.  

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