A notícia sobre o resultado de uma
pesquisa científica, veiculada nos principais meios de comunicação do Estado,
sobre a descoberta de uma espécie raríssima de morcego, encontrada em uma das
várias cavernas do Vale do Catimbau, vem criando polêmicas e causando medo,
especialmente aos moradores próximos ao local da descoberta.
Para esclarecer o assunto e
tranquiliza os moradores do município, além de turistas que frequentam as
belezas de uma das sete maravilhas de Pernambuco, a secretária de saúde Janice
Rodrigues e o vice-prefeito, o médico Dílson Santos, receberam na manhã de
hoje, a visita do Professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), Enrico Bernard, para prestar esclarecimentos sobre o fato
a população. Após uma longa conversar na secretária, o trio participou de uma
entrevista na Rádio Buíque FM.
De acordo com o professor da
UFPE, existem em todo o mundo, cerca de 1.500 espécies conhecidas de morcego,
das quais 180 são encontradas no Brasil, e apenas 3 espécies se alimentam de
sangue, sendo que apenas uma delas, essa descoberta no Vale Catimbau, provavelmente
se alimenta de sangue humano também.
“Existe uma espécie, que é
chamada Morcego Vampiro Comum que é amplamente distribuída no País, e existe
também registros desse animal atacando gado, porcos, cavalos e eventualmente
humanos. As outras duas espécies de morcegos são bem mais raras e muito pouco
estudadas. E essa espécie especificamente que estudamos aqui no Vale do
Catimbau, é a mais rara e a menos conhecida das três”. Explicou o professor.
Bernard conta que a espécie foi
encontrada em uma caverna que vinha sendo estudada há três anos por
pesquisadores da UFPE. No local foi encontrada uma pequena colônia dessa
espécie de morcego, que é conhecida popularmente como Morcego Vampiro das
Pernas Peludas. O professor disse que o mamífero é raríssimo, e por isso pouco
se sabe sobre ele.
“Só para dá uma ideia da raridade
dessa espécie, em 20 anos que eu trabalho com morcego, essa foi a primeira vez
que vi essa espécie viva na minha frente. Eu nunca tinha visto esse bicho vivo
antes, só ví em exemplares de museu”, conta o professor, que tranquilizou a população,
lembrando que não há nenhum registro de mordedura de morcego no município, nem
tão pouco pessoas procurando os órgãos de saúde, dizendo que foram mordidos por
esses mamíferos.
Os pesquisadores coletaram
amostras das fezes do animal e após análise em três delas, identificaram a
presença de sangue humano. Uma das explicações mais prováveis, é que as presas
naturais dessa espécie eram aves de grande porte, que desapareceram da região,
e na falta dessas presas, os animais passaram a se alimentar do sangue de galinhas
e provavelmente humanos também.
“Isso mostra que essa espécie pode
está mudando a sua dieta para se adaptar a um novo cenário. Um cenário onde os
animais nativos, dos quais eles se alimentavam, não estão mais presentes na nossa
região. Então agora eles estão se alimentando de sangue de galinha, e
eventualmente, de sangue humano também”, explica Enrico.
O Professor alerta que não se
pode sair por aí matando os morcegos, porque eles prestam serviços ambientais fundamentais
para o ser humano, comendo insetos, dispersando sementes de frutos e polinizam
flores iguais as abelhas e os beija-flores, ele lembra da importância do Vale
do Catimbau na área de pesquisas.
“Hoje o Vale do Catimbau é um dos
locais de Pernambuco que mais tem pesquisa científica sendo realizada. A UFPE
mantém um núcleo de pesquisa dentro do parque, um programa ecológico, temos
dezenas de estudantes e pesquisadores fazendo pesquisas em várias áreas dentro
do parque. Temos pesquisas com botânica, com fungos, com aves, com formigas,
com mamíferos e com os morcegos”, revelou o professor.
O vice-prefeito Dr. Dílson Santos,
reforçou as informações do professor quanto ao medo dos moradores com a nova
descoberta. Segundo Dílson, não há motivo alguma para pânico e nem tão pouco
receio em visitar o local. Já a secretária de saúde Janice Rodrigues, expressou
a preocupação do governo com as notícias que foram veiculadas na mídia, e a necessidade
de prestar os devidos esclarecimentos à população.
“Eu e Dr. Dílson nos preocupamos, conversamos e chegamos
à conclusão que precisávamos fazer esse convite ao professor Enrico, para que
ele pudesse vir ao município e esclarecer alguns pontos a respeito desse tema,
porque vimos que a população ficou um pouco aflita com a situação, e como nós
não temos nenhum caso dessa natureza notificado no município, precisávamos que
ele viesse aqui e prestasse todos os esclarecimentos sobre essa descoberta”,
disse a secretária.
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